terça-feira, 28 de novembro de 2017

“UM FILME DE SUPER-HEROÍNA NA ESSÊNCIA”:Mulher Maravilha - 2017 (Patty Jenkins)

“UM FILME DE SUPER-HEROÍNA NA ESSÊNCIA”:

Mulher Maravilha -  2017 (Patty Jenkins):




(Por Rafael Vespasiano).

“As adaptações cinematográficas pós-modernas do Universo sempre foram problemáticas ou ao menos com filmes falhos ou irregulares. Breve histórico: a tetralogia original do Superman, todos os filmes irregulares e o quarto péssimo. Mesmo com os excelentes e/ou carismáticos Gene Hackman e Christopher Reeve. A tetralogia original do Batman tem os dois primeiros filmes dirigidos por Tim Burton como salvação, pois o péssimo diretor Joel Schumacher acabou com a série com os filmes seguintes. Vilões e vilãs e atores e atrizes subaproveitados e que detonou no conjunto a série.
Não falarei de séries animadas que já vinham desde a televisão; alguns telefilmes e séries live-action: Adam West é o Cara! Muito menos falarei das séries dos dois tipos e curtas da netflix e etc., pois estas nenhuma vi.

Mulher Maravilha -  2017 (Patty Jenkins, diretora de Monster – Desejo Assassino, quando o/a cineasta é excelente a expectativa é grande por isso também; apesar, por exemplo das decepções causadas pelos ótimos cineastas Ang Lee, em O Incrível Hulk, e, Kenneth Branagh, com o primeiro Thor, ambos filmes do outro Universo Marvel -, porém aí é outro papo, que disseram até que um diretor o primeiro do cinema tipicamente de arte e o outro é shakespeariano.). Mas, e a Jenkins? Conciliou o cinemão, a qualidade fílmica e de roteiro e o cinema de certa reflexão em alguns âmbitos do texto/filme e contexto social/enredo/Humanidade séculos, já vividos até 2017, e o porvir.
A questão, na verdade, é que estamos diante da melhor adaptação da DC desde Batman - O Cavaleiro das Trevas (trilogia maravilhosa de Nolan), uma produção que surge para dar nova vida ao novo universo da companhia, prejudicado pelo péssimo Batman Vs Superman - A Origem Da Justiça e pelo horrível Esquadrão Suicida.
Mulher-Maravilha é o primeiro filme-solo de uma heroína a ganhar as telas desde o tenebroso Elektra, em 2004. Mas naqueles idos as adaptações de HQs num mundo pré-universos Marvel e DC, não eram tão levadas a sério, em especial no que se revela na ligação e continuidade entre filmes de heróis diferentes e a formação de suas super-eguipes.
E se a Marvel foi mais rápida ao reunir seus principais super-heróis em uma só obra, a DC venceu a corrida para lançar o primeiro filme-solo com uma protagonista feminina, mostrando que a concorrência errou ao não se render aos apelos por um longa da Viúva Negra, por exemplo. Oh, agora Inez é morta, Camões.... Ah, não esqueçamos o desastroso Mulher Gato, com Halle Berry e Sharon Stone, um filme com todo tipo de defeitos e até de machismo evidente.
Mulher Maravilha é uma história de origem, mas que não deixa de apresentar sua ligação com o universo da Liga da Justiça ao trazer breves momentos passados nos dias atuais. A maior parte da trama, no entanto, ocorre no passado. Somos logo apresentados a uma pequenina Diana, princesa das Amazonas, que vive numa ilha isolada do mundo. Ela sonha em treinar para se tornar uma brava amazona, mas é proibida pela mãe (Connie Nielsen), que teme em ver a filha em combate. A jovem, entretanto, busca a ajuda da tia (Robin Wright) para completar seu treinamento.
Treinamento que se mostrará bem-vindo quando, anos mais tarde, um avião cai na costa da ilha e Diana (Gal Gadot) é obrigada a socorrer o piloto, o espião britânico Steve Trevor (Chris Pine). Ela consegue retirá-lo do mar, mas logo descobre que ele era parte de um conflito muito maior, que ameaçava todo mundo, a Primeira Guerra Mundial. Tomada pela missão e pela vontade de proteger a humanidade, Diana decide contrariar a mãe e seguir com Steve para o campo de batalha.
Na verdade, há uma celebração do fantástico, principalmente ao investir numa abordagem menos realista, que envolve diretamente um cenário mitológico. A diretora Patty Jenkins preferiu investir num humor natural e privilegiando cenas com boa iluminação. Fotografia é cinema em essência, devemos sempre observar alguns enquadramentos, que por exemplo em Mulher Maravilha são em sua maioria ‘delicados’ e têm um porquê de ser e aparecerem na tela.
“Falando nas cenas de ação, são vários os confrontos. E todos muito empolgantes, principalmente pela postura central de Diana. Em determinado momento, ela é informada por Steve que nenhum homem conseguiria atravessar tal campo de batalha. Um roteiro mais piegas colocaria ela respondendo: “eu sou uma mulher”. Mas o filme não precisa disso. A postura e atitude da personagem fala por si só. ” (Lucas Salgado).
Sempre que uma película tem como viés uma temática de reprensitividade, Mulher-Maravilha tem o foco no protagonismo feminino, mas não só isso. O filme mantém e abrange brevemente a questão da cor da pele, com um personagem que não consegue seguir seu sonho por causa da cor de sua pele. Também trata de sexualidade de forma inovadora para filmes de super-heróis, mais ainda pela inovação e primazia nessas questões para filmes de super-heroínas.
Patty Jenkins, que já havia se destacado em Monster - Desejo Assassino e na série The Killing, cai como uma luva no mundo dos super-herói. O filme funciona como ação, como fantasia, como aventura e até mesmo como romance. Trata de um amor entre pessoas, mas também de um amor altruísta pela humanidade. É de fundamental importância por desenvolver uma protagonista que é forte e determinada, mas também sensível e capaz de amar.
Sempre ponto de divergência na guerra Marvel x DC, o humor está presente no novo longa. E se revela extremamente importante na construção da personagem e de sua relação com Steve. O humor humaniza Diana, reforçando sua inocência de alguém que viveu isolada do mundo e que, agora, vê prazer em pequenas coisas, como num sorvete.
O roteiro inclusive é tão bom, em especial na questão de jamais usar o nome Mulher-Maravilha. Não há momentos de auto ostentação. Diana fala por si só. Nos últimos anos, Jenkins se destacou mais com séries do que no cinema. Aproveitando o bom momento da TV estadunidense, ela se cercou de profissionais de trabalham em séries em WW, como o diretor de fotografia Matthew Jensen, que é um ponto de destaque deste filmão, com boas cenas em todos os sentidos de abordagem e ângulos das câmeras.
“Muita gente vai diminuir algumas questões do filme e, como dito lá no começo, trata-lo apenas como um filme de super-herói. Mas não se engane! Não é coincidência que o primeiro filme de super-heroína dirigido por uma mulher ser também o primeiro a oferecer uma protagonista que não seja mero símbolo sexual. Há uma clara preocupação na mensagem que está sendo transmitida. E, melhor, tal transmissão é bem-sucedida. ” (Lucas Salgado). ”




Link-base:


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O Último Chá do General Yen (Frank Capra, EUA, 1932):

O Último Chá do General Yen (Frank Capra, EUA, 1932):

Por Rafael Vespasiano.




“Frank Capra fugiu de sua típica filmografia ao realizar este filme muito interessante, O Último Chá do General Yen, em 1932. Esta película tem um quê de perversidade, diferente da maioria dos grandes filmes e mais conhecidos de Capra, reconhecidos por sua grande idealização e otimismo.
O Último Chá do General Yen é necessário e indispensável para qualquer cinéfilo para conhecer e entender o início da carreira cinematográfica de Frank Capra. Yen pouco depois de uma série de outros filmes do começo da carreira ajuda a contextualizá-lo melhor e torná-lo menos um objeto estranho na carreira do diretor.
Capra é um diretor que só pode pertencer aos anos 1930, porém, nunca ficou datado com seus filmes (são raríssimas exceções deste fato), Capra é um cineasta clássico e, portanto, universal por excelência.
Yen é o primeiro das grandes figuras que fascinam o diretor, mas sua concepção permanece mais distante e indecifrável de que nos filmes posteriores, muito pela relação estranha que ele mantém pela ideia do outro. Já que General Yen é uma fábula sobre o desejo missionário no qual o orientalismo é menos usado pelo seu fascínio do que para desenvolver um jogo de dualidades dinâmicas entre o fracasso do missionarismo, pois este é inseparável da constatação de que o estrangeiro não é o general oriental, mas a missionária ocidental.
As sequências menos interessantes de O Último Chá do general Yen podem ser aquelas em que reduzem o filme a um jogo ideológico entre Stanwyck e Nils Ashter (ambos extraordinários, e é uma pena que o incômodo da presença politicamente incorreta do dinamarquês Ashter como um general chinês atrapalhe o reconhecimento do trabalho dele aqui), mas elas permanecem graças a concepção geral do filme.

O Último Chá do General Yen é um romance entre etnias diferentes, previsto nos esforços da mulher branca de negar o seu desejo e na capacidade da imagem cinematográfica de desnudá-lo. General Yen é na sua essência um filme de relativa sensualidade sugestiva, que está no seu melhor quando a câmera (um dos melhores trabalhos de Joseph Walker) isola Ashter e Stanwyck no quadro e torna o desejo deles palpável. Yen é um dos raros filmes nos quais a figura objetivada pela câmera é quase sempre o homem. Enfim, o tom sugerido de brutalidade e da perversidade do filme vem do reconhecimento desta ideia. ” 




quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A Sétima Cruz (Fred Zinnemann, EUA, 1944)/ Os Filhos de Hitler (Edward Dmytryk, EUA, 1943):

A Sétima Cruz (Fred Zinnemann, EUA, 1944):



Por Rafael Vespasiano.


“Filme hollywoodiano de nítida propaganda antinazista e por ser dirigido por um excelente cineasta, Fred Zinnemann consegue fazer um razoável trabalho de filme anti-guerra, que, contudo, fica mais como um filme de guerra e suspense preso a um bom enredo e nada mais. Enfim, um filme perdido no tempo, e, infelizmente já bastante datado.
Sinopse: Na Alemanha Nazifascista, sete homens que estavam presos em um campo de concentração conseguem fugi do mesmo, a partir de então começa a perseguição implacável da Gestapo para recuperá-los e enterrá-los em covas já preparadas, onde estão as cruzes esperando o sepultamento sem maiores honras militares e ou religiosas...”




Os Filhos de Hitler (Edward Dmytryk, EUA, 1943):



Por Rafael Vespasiano.


“Chocante e marcante filme denúncia contra a Juventude Hitlerista alienada pelas ilusões do Nazi-fascismo do Terceiro Reich liderado por Adolf Hitler. Mais um filme estadunidense antinazista, porém, o trabalho do cineasta Dmytryk é valoroso e merece o registro de ir muito além de um mero filme propagandista e antibélico, vemos dramas de consciência em um enredo reflexivo e que se propõe analisar mais a fundo a perspectiva ideológica do nazismo, em especial, da Juventude Hitlerista. Por isso tudo, este filme não é tão datado quanto o dirigido por Fred Zinnemann. Merece ser visto com mais afinco e atenção. ”


quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Ama-me Esta Noite (Rouben Mamoulian, EUA, 1932):

Ama-me Esta Noite (Rouben Mamoulian, EUA, 1932):

Por Rafael Vespasiano.




Ama-me Esta Noite é para muitos críticos de cinema o primeiro grande musical produzido em Hollywood e, se for assim, pode-se dizer que o mérito é, em grande parte, do cineasta Rouben Mamoulian que conduz o enredo açucarado de forma brilhante e faz o filme não cair no tédio em nenhum momento, pelo contrário o filme continua relevante até os dias atuais, por suas inovações técnicas e narrativas; de fato é um clássico hollywoodiano e do cinema em todos os tempos.

A trama é bem simples e previsível, basicamente se resume ao amor vencendo a barreira das classes sociais, contudo o enredo é construído de maneira contagiante, com muita energia e humor que simplesmente não há como não se envolver. Todos os números musicais agradam, com destaques para o começo do filme, em que os sons naturais do dia a dia transformam-se em música e a antológica sequência de “Isn’t it Romantic? “, nesta sequência inesquecível, a canção percorre uma longa distância sendo cantada por várias pessoas, até chegar aos ouvidos da princesa Jeanette, um grande trabalho de Mamoulian na condução da cena em termos de edição, de som e de câmera. Em uma época em que o som no cinema havia acabado de se consolidar, o diretor Rouben Mamoulian demonstrou um grande conhecimento do formato e realizou um trabalho que jamais será esquecido. ”