quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

JUNQUEIRA FREIRE (1832-1855): ("MAIS DO QUE UM EU-BIOGRÁFICO, UM EU-POÉTICO CINDIDO ENTRE O SAGRADO E O PROFANO")


                                                                                 JUNQUEIRA FREIRE (1832-1855)
                                                                               
                       ("MAIS DO QUE UM EU-BIOGRÁFICO, UM EU-POÉTICO CINDIDO ENTRE O SAGRADO E O PROFANO"):

                                                                                  (CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO).




                                                                                                   



" Junqueira Freire é um poeta menor da Literatura Brasileira, mas um subestimado poeta ultrarromântico, do século XIX, não que alcance o Belo e o disforme, de Álvares de Azevedo, ou o bestialógico de Bernardo Guimarães, mas é tão melancólico, quanto Fagundes Varela, e, muito superior aos poemas ingênuos de Casimiro de Abreu.
  Pessimismo, gosto pela noite, solidão, dor, angústia, devaneio, tudo está presente na obra do poeta baiano. Não abordarei sua obra mais estudada, Inspirações do Claustro, mas a póstuma e inédita, Contradições Poéticas.
   Estas revelam um eu-poético melancólico, cindido entre o sagrado e o profano, a fé e a descrença, angelical e diabólico, entre outros pares de dualidades dinâmicas, conforme os estudos de F. Schlegel, opostos que se complementam e não se excluem, pois um necessita do outro para existirem: deus e diabo!?. O belo e  o disforme de Álvares de Azevedo, nos estudos de Cirlaine Alves, os poemas daquele era por ele mesmo teorizados como como a face caliban (profana e irônica) e a face ariel (divina e lírica-amorosa mais tradicional). Junqueira Freire em alguns poemas das contradições poéticas e dos inéditos flerta com o grotesco e o sublime, de Victor Hugo também, sempre com menor qualidade estética que todos os poetas citados, mas são poemas que merecem se lidos e estudados no meio acadêmico, os professores deveriam poder debatê-los com os alunos, no ensino médio e, o público leitor em geral, como hobby, enfim.
      O eu se perde em poemas delirantes e angustiantes, nevrálgicos, que às vezes se perde em qualidade pela extensão do poema, virando até em alguns momentos versos prosaicos. Outro fato pouco conhecido e aí entra o autor implícito em suas duas peças inacabadas, Freire era defensor da república, muito antes de muitos que ficaram com a fama de defensores da proclamação da república. Isso é mostrado por eu-poético e personagens que defendem a república.
     O poeta utiliza farta metaforização dos sentimentos do eu transpostos para a natureza, na qual os seus anseios e angústias são espelhados, o poema mostra simbolicamente e  de maneira polissêmica, as agruras do eu, em relação aos seus amores e amadas, e, suas frustrações amorosas."



"Em feias extorsões, - e sobre o leito,
sobre o tapete multicor bordado,
sobre os convivas em redor atônitos,
sobre si mesmo, - as (...) se lhe abriram
e fermentados o conduto e o vinho,
evaporando venenosas fezes,
pela garganta em vagas arrebentam:
mas entre os borbotões do podre vômito,
bradava ainda: - anátema aos rebeldes! -" (Junqueira Freire, "O padre roma", trecho, poesias inéditas)
Esses belíssimos versos e REALMENTE ultrarromânticos, a escola não mostra aos alunos.

                                                                                       








domingo, 14 de fevereiro de 2016

"ALMA NO LODO" (MERVYN LEROY/EUA/1931): ("PIONEIRISMO NO GANGSTERISMO".)

                                          "ALMA NO LODO" (MERVYN LEROY/EUA/1931)

                                                           ("PIONEIRISMO NO GANGSTERISMO".):

                                                         (CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)



                                                           



"Filme-síntese, de certa forma, dos filmes de gangsteres, dos EUA, sobre a Lei Seca.  A máfia manda e desmanda em “Alma no lodo”, 1931. Edward G. Robison, que ficou muito marcado na história do cinema, pelos papéis de mafiosos, aqui vive com ímpeto e verossimilhança, Little Caesar. Dirigido por Mervyn LeRoy é importantíssimo, a obra até pela questão histórica/cronológica de ser, exatamente, um dos primeiros sobre o tema, Gangsterismo, à época da Grande Depressão e da Lei Seca."