segunda-feira, 31 de agosto de 2015

“A NOITE DO DEMÔNIO” (JACQUES TOURNEUR, 1957):

(“O MEDO CONSTANTE EM UM FILME GENIAL”):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)]




“A noite do demônio é mais uma obra-prima do mestre Jacques Tourneur, este também conhecido por ser um dos cineastas mais talentosos quando se trata do “cinema fantástico”. A narrativa mostra uma sequência de mortes, ao mesmo tempo que um famoso psicólogo americano viaja para Londres, para com seus conhecimentos científicos e ceticismo, desmascarar um suposto líder de uma seita demoníaca.

Desde os tempos mais antigos, uma maldição literalmente demoníaca assola qualquer pessoa que ousar se envolver de qualquer jeito com a mesma, a fim de se beneficiar, usar ou desmascarar àquela. “A noite do demônio” mostra um psicólogo de viagem a Londres para investigar tal maldição e se envolve numa “intriga diabólica”, que talvez o faça rever seu ceticismo em relação ao sobrenatural. Para isso, Tourneur optou por mostrar a imagem crua do diabo como ele é reconhecido pelo senso comum e pela tradição popular.


A ambiência criada pelo cineasta, em uma fotografia preto-e-branco ímpar, é uma tensão e uma sensação de claustrofobia e medo constantes -, uma floresta claustrofóbica, com seus diversos ruídos assustadores -, passando ao espectador uma sensação de terror, horror e suspense total, porém, sempre de maneira sugestiva e sensorial. O filme, então, é hipnotizante e aterrador, com um final ambíguo e dual, típico de Jacques Tourneur.”

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

“NA SOLIDÃO DA NOITE” (ALBERTO CAVALCANTI, BASIL DEARDEN, ROBERT HAMER E CHARLES CRICHTON, GBR, 1945): (“SURREALISMO, PESADELO E O INCONSCIENTE NUMA NOITE TENEBROSA”)

“NA SOLIDÃO DA NOITE” (ALBERTO CAVALCANTI, BASIL DEARDEN, ROBERT HAMER E CHARLES CRICHTON, GBR, 1945)

(“SURREALISMO, PESADELO E O INCONSCIENTE NUMA NOITE TENEBROSA”):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)




““Na solidão da noite” é um filme dividido em cinco contos unificados por uma personagem que tem terríveis pesadelos e, é convidada a passar uma noite, numa casa habitada por pessoas que ele não conhece. O horror está presente desde o início, antes mesmo da personagem sair da sua residência, pois a película começa com o fim de um terrível pesadelo da personagem. Já aí têm-se as características do surrealismo, dos pesadelos do inconsciente desconhecido dos seres humanos, em noites insones e/ou mal dormidas.
As histórias em que se baseiam o roteiro são oriundas de textos de escritores como H. G. Wells, John Baines, E. F. Benson e Angus Macphail. O arquiteto Walter (Mervyn Johns) é a personagem-central do filme e que vai àquela casa, para fazer a pedido dos moradores algumas reformas.
A partir daí cada personagem daquela casa passa a contar histórias fantásticas que viveram. A primeira é intitulada “The Hearse Driver”, filmada por Basil Dearden, e, narra o caso de um piloto de corridas que sobrevive milagrosamente a um terrível acidente.
“The Christmas Story” é a segunda mini narrativa, dirigida por Alberto Cavalcanti, que conta a história de Sally e o que ela vivenciou de terror, numa mansão, durante uma festa de natal.
A terceira narrativa é “The Haunted Mirror”, de Robert Hamer, narra a compra de um espelho, pelo marido, como presente de aniversário, para sua esposa. O espelho, contudo, passa refletir a personalidade doentia do seu antigo dono. Aqui, neste conto têm-se vários intertextos com O retrato de Dorian Gray, de Wilde, com uma persona narcisista doentia, o conto “O Espelho”, de Machado de Assis, uma crítica mordaz e irônica à burguesia, que mostra os burgueses do século XIX como seres puramente marcados pela (falsa) aparência e pelas conveniências.
O quarto episódio é “The golfing story”, dirigido por George Crichton, é uma história de golfistas-fantasmas brigando para ficar com uma bela mulher.
O quinto episódio, também dirigido por Alberto Cavalcanti e, chama-se “The ventriloquist´s Dummy”, a história de toques psicanalíticos de dupla personalidade, esquizofrenia e a narrativa flerta com o sobrenatural e o surreal mais uma vez.
Entre a narração desses acontecimentos sobrenaturais, o grupo de pessoas da casa discutiam o sonho do arquiteto e comentavam suas próprias experiências fantásticas, com o fórum de discussão sendo liderado pelo psicólogo Dr. Van Straaten, que procurava sempre encontrar uma explicação lógica e racional para os misteriosos fatos.

Após o relato desses casos incomuns, o arquiteto é perseguido por todos os personagens das histórias... E todo seu drama se revela um pesadelo maior, um ciclo fechado em moto-perpétuo de dor, horror, terror e sofrimento.”

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

“O TÚMULO VAZIO”: (“WISE, KARLOFF E LUGOSI: NUM FILME DE TERROR B”)

“O TÚMULO VAZIO”
(ROBERT WISE, EUA, 1945)

(“WISE, KARLOFF E LUGOSI: NUM FILME DE TERROR B”):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)



O cineasta Robert Wise é um dos mais ecléticos dos diretores do mainstream clássico de Hollywood, de musicais primorosos e premiadíssimos, como “A Noviça Rebelde” e “Amor sublime amor”, passando pela série cult de ficção-científica, Jornada nas Estrelas, ele dirigiu o primeiro filme para o cinema, em 1979, uma série que dura até hoje, uma verdadeira febre e culto dos cinéfilos ávidos por tudo que envolve Star Trek. Mas, ainda em início de carreira realizou, em 1945, realizou um filme despretensioso a princípio, chamado “O Túmulo Vazio”, baseado em conto de Robert Louis Stevenson, o mesmo de “O médico e o monstro” e “A ilha do tesouro”, que já renderam várias adaptações para o cinema. No filme de 1945, um filme B de terror, Wise uniu dos ícones do terror dos anos 30/40, Bela Lugosi e Boris Karloff, respectivamente, o Drácula (de baseado no romance homônimo, de Bram Stocker) e a criatura (do romance Franskstein, de Mary Shelly) dos clássicos da Universal Studios.

“O túmulo vazio” prima por uma atmosfera amedrontadora, um clima mórbido de medo arrepiante. Na Edimburgo de 1831, o cocheiro vivido por Karloff arranja cadáveres para a pesquisa do médico MacFarlane de uma forma um tanto inusitada: nas madrugadas -, (horripilantes em sua ambiência, dada pelo toque do cineasta genial que é Robert Wise) -, ele rouba corpos do cemitério para servirem de cobaia para os estudos do doutor e seus alunos, entre eles o promissor pupilo Fettes.


A fotografia de “O túmulo vazio” é um puro deleite do macabro e do horror. Utilizando recursos de luz e sombra, típicos do fim noir, o filme consegue passar toda a atmosfera claustrofóbia e sombria da cidade, em especial nas cenas de “caça” de Gray. E Bela Lugosi tem sua participação, que é pequena mas vale pelo todo do filme. Na pele de Joseph, empregado da casa de MacFarlane, a personagem de Lugosi participa de uma das melhores cenas do longa, um embate com Karloff para deixar os fãs do terror deslumbrados e extasiados ao assistirem dois ícones do cinema de terror, digladiando-se numa luta de monstros sagrados do horror clássico.”

terça-feira, 11 de agosto de 2015

“A ORGIA DA MORTE”: (“CORMAN E POE: CINEASTA E ESCRITOR PRIMOROSOS”)

“A ORGIA DA MORTE”
(“The Masque of the Red Death”, EUA, 1964, de Roger Corman).

(“CORMAN E POE: CINEASTA E ESCRITOR PRIMOROSOS”):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)



“Mais um filme de Corman que se baseou em contos de Edgar Allan Poe, escritor de histórias de mistério e terror.  Segundo o cineasta, ele realizaria para a American International Pictures apenas A QUEDA DA CASA DE USHER, em 1960. Contudo, o filme foi muito bem recebido (o que é lógico, pois trata-se de uma obra-prima do terror). Os produtores ficaram empolgados com o resultado do filme de Corman, que acabaram solicitando outras adaptações do escritor estadunidense. Após adaptar todas as histórias que gostava, durante quatro anos: “O Túmulo Sinistro”, “O Corvo”, “O Castelo Assombrado”, “Muralhas do Pavor” (que reúne três histórias, o conto célebre do “Gato Preto” e mais dois contos) e “O poço e o pêndulo”. “A orgia da morte”, Corman considera, ao lado de A Queda da Casa de Usher, um dos melhores escritos de Poe (e acabou recebendo o título de A ORGIA DA MORTE aqui no Brasil).

O filme é uma obra-prima do terror B, típico de Roger Corman, mas que sabia mesmo com recursos financeiros limitados, realizar grandes películas, que não devem nada às superproduções de ontem e hoje, estas últimas, às vezes, tão vazias e com roteiro descabido. Corman dirige, mais uma vez, aquele que foi o seu maior colaborador nas adaptações de Poe, o ator Vincent Price, encarnando um dos papéis mais marcantes de sua carreira, o do príncipe Próspero. Uma personagem sádica, cínica e que adora e cultua o diabo, o sujeito é a perfeita representação do mal. E Price faz jus à sua reputação de mestre do horror, numa grande atuação. E isso é essencial para a perfeição do filme.

Próspero é um príncipe que vive em seu castelo, enquanto a Peste devasta seus domínios feudais. O título em Português do conto de Edgar Allan Poe é “A máscara da morte rubra”, vale a pena lembrar, pois isso é de fundamental importância para entender a história como conto e também como filme.


Em “A ORGIA DA MORTE”, o diretor Roger Corman estava no auge da criatividade e trabalhando com o seu diretor de fotografia, o futuro diretor Nicholas Roeg, realizaram um trabalho impecável com o visual do filme, com um clima atmosférico denso (brumas e névoas), o que provoca uma ambiência de claustrofobia, e, principalmente com o uso das cores como elemento de horror, algo que só mesmo o italiano Mario Bava consegue igualar.”
“O CHICOTE E O CORPO”
(MARIO BAVA, ITA, 1963)

(“O TERROR SENSORIAL DE BAVA”):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)


“O chicote e o corpo”, para muitos críticos, é uma obra-prima, (mais uma!), de Mario Bava, um dos mestres do Horror Italiano e Mundial, lógico. A ambiência que o cineasta cria em seus filmes, e neste não é diferente, é de apreensão, medo, ânsia, angústia, claustrofobia, etc., todos elementos que causam sensações -, (seus filmes são muito sensoriais, remetendo até aos Simbolistas e Decadentistas da Poesia do final do século XIX) -, amedrontadoras e arrepiantes, puro terror fílmico. E este é o seu objetivo, pois Mario Bava está aqui com o único intuito de criar filmes de horror, e, portanto, assustadores. E, diga-se de passagem, ele consegue, efetivamente.

O enredo se passa no século XIX, em um castelo soturno, claustrofóbico e sinistro. Um dos membros da família volta à casa e passa amedrontar os moradores dela, até o momento, em que certa noite, é encontrado morto e seus fantasma/espírito passa a fazer aparições aterrorizantes aos seus parentes.


O terror aqui não é físico, mas sim psicológico, ou seja, o verdadeiro horror cinematográfico de qualidade, do qual Bava é um representante clássico deste grupo seleto de realizadores. O jogo psicológico de suspense, no filme em questão, é baseado sempre nos sentidos das personagens e também dos espectadores, uma ambiência sensorial arrepiante e horripilante. Filme de nuances audiovisuais, sonoplastia apurada (ruídos dos ventos); trilha sonora é condizente com a atmosfera fantasmagórica; iluminação com cores vivas e câmera subjetiva, o que leva o espectador para mais perto do filme, e, aquele fica cada vez mais envolvido com a trama e com medo também! ”

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

CEMITÉRIO DE ELEFANTES (DALTON TREVISAN, 1ª EDIÇÃO: 1964): (“A PÓS-MODERNIDADE NOS CONTOS DE TREVISAN: HUMANOS SÃO ELEFANTES”.)

CEMITÉRIO DE ELEFANTES (DALTON TREVISAN, 1ª EDIÇÃO: 1964)

(“A PÓS-MODERNIDADE NOS CONTOS DE TREVISAN: HUMANOS SÃO ELEFANTES”.):

(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO)



“O escritor Dalton Trevisan é um exímio contista, que capta aspectos da sociedade pós-moderna, desde o início dos anos 1960, justamente a década que os sociólogos registram e consideram como o início da Pós-Modernidade, por nós vivida até hoje, vide os estudos de Bauman, Lyotard e Jamenson. O pós-modernismo na literatura, mais especificamente na brasileira, é marcado por um estilo de narração fragmentada, curta, personagens sem nome -, a maioria dos narradores-personagens das obras de Trevisan não têm nome, no máximo alcunhas dadas, por suas características psicológicas e/ou características pitorescas ou caricatas -, pela violência gratuita, pela solidão das personagens, sem sentido existencial, com tons melancólicos e niilistas, pelo yoyeurismo, pelo sensacionalismo e pela sociedade do espetáculo, por vícios, como jogatina, cigarro, drogas ilícitas, mas principalmente o álcool, etc.

O estilo narrativo de Trevisan e, portanto, também de outros autores contemporâneos/pós-modernos é evidenciado por tramas de violência, boêmia, vagabundagem, personagens sem rumo, à deriva no mundo, sem objetivos ou sentido existencial, apenas sobrevivendo dia-a-dia; solidão, taras, yoyeurismo, reflexões sobre a sociedade do espetáculo (espetacularização midiática), sensacionalismo, desperdício, além de personagens, que pouco valorizam suas vidas, e -, em diversos contos as personagens observam outras personagens, dando importância a elas, mas -, de maneira momentânea, rápida, desinteressada e imediatista, para inclusive, depois, largar a personagem observada à beira da morte, se esta já não estiver morta. Ou seja, pouco valor à vida humana; entre outras características que encontramos na Literatura Pós-Moderna Brasileira, em especial, no caso desta resenha, na obra Cemitério de elefantes, de Dalton Trevisan.

O conto “Angústia do Viúvo” mostra a rotina desinteressante e sem valor à sua própria vida e de sua família, de um viúvo solitário, que não demonstra afeto nem pela mãe e nem pelos filhos: “Já não bebe, repete o desafio. Com a morte da mulher, entregou os filhos à dona Angelina. Cinco meses morou sozinho, sem acender o fogo nem arrumar a cama.” (TREVISAN, 1997, p. 22). E o final do conto é circular e mostra a rotina implacável à vida e angústia do viúvo, pois termina do mesmo jeito e até com os mesmos vocábulos e frases que o conto iniciou.

Já o conto “O espião” é narrado por um yoyeur, que o narrador onisciente dá a alcunha, justamente, de “o espião [que] espia” (Ibidem., p. 31); este observa em sua atitude yoyeurística, um internato de freiras, onde meninas novas ficam internas, estudam e estão também, algumas à espera de adoção. Ele observa a chegada de um pai que veio deixar sua filha no convento: “Surpreendeu o pai chegando com a menina pela mão. (...) A menina, quatro anos, miúda (...).” (Ibidem., p. 31-32). O yoyeur ainda observa a despedida dolorosa para os dois, à porta do casarão, na presença de uma freira, “Ajoelhou-se o homem, a menina prendeu-lhe os bracinhos no pescoço, não queria deixa-lo sair. Sujeito duro, ressentido pela traição, rompeu o abraço, a filha chorando no pátio.” (Ibidem., p. 32).

E além de yoyeur, o “espião” tem uma imaginação fértil que preenche lacunas das vidas do pai e da menina, da vida das internas e das freiras no convento, etc., tudo com o auxílio narrativo da onisciência do narrador.

O conto seguinte é o estarrecedor “Uma vela para Dario”, que tem como trama os últimos momentos de vida? de Dario, que “vem apressado, (...), dobra a esquina, diminui o passo até parar, encosta-se a uma parede. Por ela escorrega, senta-se na calçada, ainda úmida de chuva. Descansa na pedra o [seu] cachimbo”. (Ibidem., p. 38). Os passantes dão e ao mesmo tempo não dão valor a esse sujeito, Dario, indagam se está ou não bem, mas continuam seu caminho e seguem: com comentários do tipo: a ele deve ter sofrido um ataque; uns tentam fazer algo, abrindo espaço para ele respirar, ou afrouxando-lhe o colarinho e a gravata, etc. O desfalecimento de Dario vira “sensação e motivo de “observação” e “comentários” na rua. “Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. (...)”. (Ibidem., p. 39). De repente, o seu guarda-chuva e cachimbo não estão mais ao seu lado. Roubaram o homem desfalecido, sem compaixão nem dó, tal qual nossa sociedade contemporânea, como se afirmou mais acima.

Todos comentam, mas ninguém chama um médico, uma ambulância, etc., até que Dario morre. Apenas mais um transeunte que morre à beira da calçada, quase na sarjeta, só “Um menino de cor e descalço vem com uma vela, que acede ao lado do cadáver. Parece morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.

Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão.” (Ibidem., p. 40). O narrador sem piedade (como nossa sociedade) percebe ‘O toco de vela [que] apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.” (ibidem., p. 41).

O conto-título do livro publicado pela primeira vez, em 1964, tem, segundo o crítico Fausto Cunha (Orelha do livro), o intuito de ressaltar que nós, seres humanos, também somos paquidermes, que morrem também na solidão, as duas espécies têm os seus dias de glória, mas, “No mais, são medíocres e pacíficos.” (CUNHA, 1997, Orelha).

Portanto, para o escritor Dalton Trevisan, os homens vivem sua “florestazinha particular, num assombro. O homem e a mulher são animais que precisam de ternura e sonho, e se alimentam de frustrações (...)”, (Ibidem., Orelha), constantes e sem vislumbrar hoje ou amanhã melhores para si e para a humanidade.

Tais quais as personagens do conto “Cemitério de elefantes”, que mostra bêbados, vivendo à margem do rio, que se contentam com as sobras do mercado, vivendo no mangue, feridos, com perebas, sem se queixar, dormindo sobre as raízes. No lodo, eles estão, literalmente e metaforicamente, e dali não sairão jamais. Ali vivem, morrerão e serão enterrados pelos seus bêbados companheiros, ou não, podem ficar e, é mais provável, semienterrados no lodo do mangue.

Para finalizar, ressaltar o importante trabalho de Poty que ilustra o livro, com gravuras que enfatizam o conteúdo dos contos deste excelente escritor brasileiro, que transcende o país e torna-se um dos maiores contistas da Língua Portuguesa, com textos de caráter universal, para este resenhista, Trevisan será lido daqui a cem anos, por isso mesmo já é um “clássico pós-moderno”, se assim se pode afirmar.”




·         REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

TREVISAN, Dalton. Cemitério de elefantes. Rio de Janeiro: Record, 1997.

·         BIBLIOGRAFIA PASSIVA:

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
---------------------------. Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.
---------------------------. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.
--------------------------. Modernidade e ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999.

LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.