sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

GUARDIÕES DA GALÁXIA: (O FILME-SURPRESA DO ANO DE 2014, EM TERMOS DE FILMES DE SUPER-HEROIS.):

GUARDIÕES DA GALÁXIA:

(O FILME-SURPRESA DO ANO DE 2014, EM TERMOS DE FILMES DE SUPER-HEROIS.):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO).


“A aposta para o blog do Kaio no cinema era: “Para fugir um pouco dos Vingadores e suas franquias paralelas, resolveram investir pesado em uma aventura dos ‘patinhos feios’ do universo das HQs. Os ‘heróis’ da vez são uma equipe de ex-condenados formada por um aspirante à Han Solo, uma assassina verde, um fortão sem camisa, um guaxinim atirador e uma árvore humanóide. Talvez a palavra ‘desajustados’ caia bem aqui. O vilão é o excêntrico Colecionador, vivido por Benicio Del Toro. Apostando no humor do elenco principal e em efeitos digitais de última geração, a ideia é iniciar uma nova franquia com os patrulheiros que tentam impedir crises galácticas antes que elas aconteçam - e, futuramente, ligá-los aos vingadores. E aí, será que o público aprova?!?”. Gostou.

Pois, considero o melhor filme da Marvel em 2014, sucesso de público e de crítica, uma surpresa mais que agradável. Ação mais humor de ótima qualidade. Concorre a dois Oscars técnicos em 2015, melhor maquiagem e penteado, difícil de ganhar, mesmo eu não tendo assistido a Foxcatcher, mas assisti ao filme de Wes Anderson, O Grande Hotel Budapeste, que nesse aspecto técnico é muito superior conceitualmente. Quanto ao de melhores efeitos visuais corre muito por fora contra o impecável Interestelar. Além de ter outros indicados também da Marvel Studios: X-Men: Dias de um futuro esquecido e Capitão América 2 - O Soldado Invernal, mas que são inferiores nesse quesito técnico e, por fim o outro indicado é Planeta dos Macacos: O Confronto, que não vi.

 Bradley Cooper concorre ao seu terceiro Oscar de atuação seguido por Sniper americano, de Clint Eastwood, que estreia hoje no Brasil, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015. Mas, já adianto, mesmo sem ver sua atuação em Sniper Americano: se fosse para ser indicado tinha que ser indicado pelo Rocky do filme da Marvel Studios. Até para o quinto candidato de 2015 fosse mais justo ainda o Jake Gyllenhall, de O Abutre, o grande injustiçado, pelo que vi até agora do ano. E sairia o Steve Carell por Foxcatcher - Uma História Que Chocou o Mundo, mesmo não tendo visto o filme, mas Carell nunca me convenceu. Tomara que quando eu veja estes filmes que citei que não vi, eu venha aqui no blog e reconheça o meu erro e confirme ou discorde dos resultados do Oscar 2015, sendo que sua cerimônia se realizará no próximo domingo. Como não vi muitos filmes do Oscar desse ano, ficarão suas críticas para depois do Oscar, que os verei com calma e, aí, pelo menos poderei falar em concordâncias ou discordâncias de vencedores, pois de justiça e injustiça, não acredito muito nesse tipo de premiação, pois aqui o marketing e o dinheiro valem mais.

A Trilha sonora também é algo de se notar. E vale ressaltar desde que a Marvel começou a fazer filmes para o cinema de seu universo dos quadrinhos, Guardiões da Galáxia é para mim o seu melhor trabalho em todos os tempos.

A proposta de Guardiões da Galáxia, em termos de sinopse, é a ligação entre a Terra e o espaço que acontece com a personagem Peter Quill (interpretada por Chris Pratt), que, ainda quando criança é abduzida para o espaço após a morte da mãe. Já crescido, Peter torna-se um caçador de recompensas e está atrás de um artefato valiosíssimo. Contudo, ele não é o único, o líder kree Ronan (Lee Pace), está no encalço do objeto para entregá-lo a Thanos (Josh Brolin). Thanos manda sua filha Gamora (Zoe Saldana) atrás do rapaz, pelo qual também está sendo oferecida uma quantia considerável pela captura. É atrás desse dinheiro que o guaxinim Rocket e seu inseparável companheiro vegetal Groot (vozes de Bradley Cooper e Vin Diesel, respectivamente) entram na história. Após uma enorme confusão galáctica, todos vão parar na prisão e lá conhecem Drax, o Destruidor (Dave Bautista). Os cinco começam, aos atropelos, mas acertando sem querer, a formar um grupo para descobrir que mistério cerca o tal objeto de valor.

Guardiões da Galáxia ainda traz em seu elenco nomes de peso como Glenn Close, Djimon Hounson, Benício Del Toro e John C. Reilly em pequenas, mas notáveis aparições. Guardiões da Galáxia é o último filme do estúdio antes da conclusão da chamada “Fase 2” da Marvel nos cinemas, que se encerra neste ano de 2015 com a estreia de Os Vingadores: A Era de Ultron. Um filme de entretenimento e de qualidade que traz novos personagens para o imaginário do espectador. O filme foi tão bem aceito que já tem continuação prevista para estrear em 2017.

Segundo o crítico Chico Fireman, do blog “filmes do chico”: http://filmesdochico.uol.com.br/, link: http://filmesdochico.uol.com.br/guardioes-da-galaxia/ . Último acesso: 20 de fevereiro de 2015, às 9h21. O resenhista escreve: “A surpresa de toda a crítica tem sido em como Guardiões da Galáxia funciona exemplarmente nas telas, misturando ação e humor numa dosagem certa, e ainda servindo de ponte para a próxima aventura da editora/estúdio, mas o improvável longa dirigido por James Gunn, um cineasta surgido nos porões do cinema trash, é mais do que um produto eficiente, é um dos melhores filmes adaptados dos quadrinhos da Marvel. Um dos principais motivos para isto é justamente o que provavelmente deixará este longa fora das listas de melhores filmes baseados em quadrinhos nos próximos anos: a invisibilidade de seus personagens. Com protagonistas praticamente desconhecidos, com um grupo sem tradição, Gunn foi capaz de fazer um trabalho despretensioso, em que pode tomar liberdades sem se preocupar com fãs xiitas ou grandes obrigações mercadológicas.”



PREMIAÇÕES: ANEXO:

·         SINDICATO DOS ROTEIRISTAS DOS EUA – 2015 – INDICADOS:

Entre os adaptados, a surpresa foi "Guardiões da Galáxia" entrou na lista, derrubando "Vício Inerente", "Invencível" e "Para Sempre Alice".

-  ADAPTED SCREENPLAY:

American Sniper, (Sniper Americano): Written by Jason Hall; Based on the book by Chris Kyle with Scott McEwen and Jim DeFelice; Warner Bros;
Gone Girl, (Garota Exemplar): Screenplay by Gillian Flynn; Based on her novel; 20th Century Fox;
Guardians of the Galaxy, (Guardiões da Galáxia): Written by James Gunn and Nicole Perlman; Based on the Marvel comic by Dan Abnett and Andy Lanning; Walt Disney Studios Motion Pictures;
The Imitation Game, (O Jogo da Imitação): Written by Graham Moore; Based on the book Alan Turing: The Enigma by Andrew Hodges; The Weinstein Company;
Wild, (Livre): Screenplay by Nick Hornby; Based on the book by Cheryl Strayed; Fox Searchlight.



·         INDICADOS – BAFTA – 2015:


-          MAKE UP & HAIR (MAQUIAGEM E PENTEADO):

THE GRAND BUDAPEST HOTEL, Frances Hannon (O GRANDE HOTEL BUDAPESTE);
GUARDIANS OF THE GALAXY, Elizabeth Yianni-Georgiou, David White (GUARDIÕES DA GALÁXIA);
INTO THE WOODS, Peter Swords King, J. Roy Helland (CAMINHOS PARA A FLORESTA);
MR. TURNER, Christine Blundell, Lesa Warrener (IDEM.);
THE THEORY OF EVERYTHING, Jan Sewell (A TEORIA DE TUDO).


-          SPECIAL VISUAL EFFECTS (EFEITOS VISUAIS):

DAWN OF THE PLANET OF THE APES, Joe Letteri, Dan Lemmon, Erik Winquist, Daniel Barrett (PLANETA DOS MACACOS: O CONFRONTO);
GUARDIANS OF THE GALAXY, Stephane Ceretti, Paul Corbould, Jonathan Fawkner, Nicolas Aithadi (GUARDIÕES DA GALÁXIA);
THE HOBBIT: THE BATTLE OF THE FIVE ARMIES, Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton, R. Christopher White (O HOBBIT: A BATALHA DOS CINCO EXÉRCITOS);
INTERSTELLAR, Paul Franklin, Scott Fisher, Andrew Lockley (INTERESTELAR);
X-MEN: DAYS OF FUTURE PAST, Richard Stammers, Anders Langlands, Tim Crosbie, Cameron Waldbauer (X-MEN: DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO).



·         INDICADOS – CRITICS CHOICE MOVIE AWARDS – 2015:

-          Best Hair & Makeup (MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO):

"Foxcatcher"
"Guardians of the Galaxy" (VENCEDOR) (ALÉM DO PRÊMIO DE MELHOR FILME DE AÇÃO);
"The Hobbit: The Battle of the Five Armies"
"Into the Woods"
"Maleficent" (MALÉVOLA);


-          Best Visual Effects (MELHORES EFEITOS VISUAIS):

"Dawn of the Planet of the Apes"
"Edge of Tomorrow"
"Guardians of the Galaxy"
"The Hobbit: The Battle of the Five Armies"
"Interstellar"


·         INDICADOS – OSCAR – 2015:

- Melhor maquiagem e penteado:
Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo;
O Grande Hotel Budapeste;
Guardiões da Galáxia.

- Melhores efeitos visuais:

Capitão América 2 - O Soldado Invernal;
Planeta dos Macacos: O Confronto;
Guardiões da Galáxia;
Interestelar;
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido;

·         INDICADOS – SINDICATO DOS DIRETORES DE ARTE DOS EUA – 2015:

-          Fantasy Film:

"Captain America: The Winter Soldier" (Peter Wenham);
"Dawn of the Planet of the Apes" (James Chinlund);
"Guardians of the Galaxy" (Charles Wood);
"Interstellar" (Nathan Crowley);
"Into the Woods" (Dennis Gassner).

·         INDICADOS – SINDICATO DOS EDITORES DOS EUA – 2015:

-          BEST EDITED FEATURE FILM (COMEDY OR MUSICAL):
Birdman:
Douglas Crise & Stephen Mirrione, ACE;

Guardians of the Galaxy:
Fred Raskin, Hughes Winborne, ACE & Craig Wood, ACE;

Into the Woods:
Wyatt Smith;

Inherent Vice (VÍCIO INERENTE):
Leslie Jones, ACE;

Grand Budapest Hotel:
Barney Pilling.


·         INDICADOS – SINDICATO DOS FIGURINISTAS DOS EUA – 2015:

- Excellence in Fantasy Film:

"Guardians of the Galaxy" (Alexandra Byrne);

"The Hobbit: The Battle of the Five Armies" (Bob Buck, Lesley Burkes-Harding, Ann Maskrey);

"The Hunger Games: Mockingjay - Part 1" (Kurt and Bart), (JOGOS VORAZES: EM CHAMAS – PARTE 1);

"Into the Woods" (Colleen Atwood);

"Maleficent" (Anna B. Sheppard, Jane Clive).

·         INDICADOS – SINDICATO DOS MAQUIADORES E PENTEADORES DOS EUA – 2015:

-          Best Contemporary Makeup:
"Captain America: The Winter Soldier"
Make-Up Artists: Allan Apone, Nicole Sortillon and Lisa Rocco (Petition)
"Gone Girl"
Make-Up Artists: Kate Biscoe and Gigi Williams
"Guardians of the Galaxy"
Make-Up Artist: Elizabeth Yianni-Georgiou
"Interstellar"
Make-Up Artists: Luisa Abel and Jay Wejebe
"Nightcrawler"  (O ABUTRE)
Make-Up Artists: Donald Mowat and Malanie Romero


-          Best Special Effects Makeup:
"Foxcatcher"
Make-Up Artists: Bill Corso and Dennis Liddiard
"Guardians of the Galaxy"
Make-Up Artist: David White
"Into the Woods" (Meryl Streep Witch Prosthetics)
Make-Up Artists: J. Roy Helland (Personal) and Matthew Smith (Prosthetics)
"Maleficent"
Make-Up Artists: Rick Baker, Toni G. and Arjen Tuiten (Petition)
"The Hobbit: The Battle of the Five Armies"
Make-Up Artist: Gino Acevedos

-          Best Contemporary Hairstyling:
"Birdman"
Hair Stylists: Jerry Popolis and Kat Drazen
"Guardians of the Galaxy"
Hair Stylist: Elizabeth Yianni-Georgiou
"Interstellar"
Hair Stylists: Patricia Dehaney and Jose L. Zamora
"St. Vincent"
Hair Stylist: Suzy Mazzarese-Allison
"Winter's Tale"

Hair Stylists: Alan D'Angerio and Jasen Sica

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

INTERESTELAR, GAROTA EXEMPLAR E O ABUTRE: (TRÊS FILMES ESTADUNIDENSES TÃO DÍSPARES ENTRE SI, MAS QUE SÃO OBRAS COM ASPECTOS POSITIVOS MAIS DO QUE ASPECTOS NEGATIVOS – PARTE III):

INTERESTELAR, GAROTA EXEMPLAR E O ABUTRE:

(TRÊS FILMES ESTADUNIDENSES TÃO DÍSPARES ENTRE SI, MAS QUE SÃO OBRAS COM ASPECTOS POSITIVOS MAIS DO QUE ASPECTOS NEGATIVOS – PARTE III):

(CRÍTICAS POR RAFAEL VESPASIANO).

3.      INTERESTELAR (EUA/CHRISTOPHER NOLAN/2014):


“As Horas cismam no ar parado:
  — Passado.
As Horas bailam no ar fremente:
            — Presente.
As Horas sonham no ar obscuro:
            — Futuro.”.
(“As Horas”, Da Costa e Silva).

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Dedicado à Nat.
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A terceira parte desta série de críticas dos filmes indicados ao Oscar 2015 trata da ficção-científica, Interestelar, que é tão boa quanto ao filme “Gravidade”, de 2013, dirigido por Alfonso Cuarón. O filme do diretor mexicano concorreu ao Oscar 2014 de melhor filme. Percebe-se certa saturação por parte da Academia em relação aos filmes de “viagens espaciais” -, no ano passado, “Gravidade”, foi indicado, mas não ganhou; em 2015, Interestelar, concorre mais aos prêmios técnicos -, seu maior trunfo, e, não concorre ao prêmio máximo. Talvez uma injustiça da Academia.

O roteiro de Interestelar, escrito por Nolan e seu irmão Jonathan, é criativo, espetaculoso (reforçado pelos efeitos visuais), engenhoso -, o filme não é cansativo, apesar de ter 2h 49min de duração. O enredo pode confundir o espectador, não ao ponto deste não entendê-lo, porém ao ponto de fazê-lo ficar procurando destrinchar todos os meandros da teoria científico-espacial no enredo apresentada durante a projeção e não chegar ao fio da meada. Mas só durante certo tempo de reflexão, pós-sessão (e gera um bom debate), e, isso não demérito à película. Contudo, entendida a teoria que permeia o roteiro ficam as perguntas: aquela é crível? é verossímil? os cientistas, realmente, trabalham com ela? Questões como adentrar em um “buraco negro”; quarta dimensão; desafio do tempo e do espaço; teorias gravitacionais, etc. São questões que não domino, portanto não vou além, mas o roteiro é uma viagem, nesse sentido, e, pode ser visto, por alguns, como mero espetáculo.

Porém, vale lembrar, que hoje a ciência é vista, por exemplo, segundo o hermeneuta Gaston Bachelard, a partir do surgimento da Física Quântica, como uma área do saber (qualquer ciência) e suas inter-relações com quaisquer áreas científicas como algo que é marcado por uma dualidade dinâmica em eterno devir, no qual o racional e o irracional são contrários que se complementam e não existe um sem o outro. Mas não são, pois sintéticos como Hegel imaginou em sua dialética, mas parabáticos, irônicos e reflexivos como pensou o filósofo-poeta do Romantismo alemão, F. Schlegel. Bachelard vai à linha deste e Nolan dos dois, pelo jeito.

A história se passa num futuro não muito distante, em que os exércitos e guerras não existem mais e a grande preocupação da humanidade é produzir comida suficiente para alimentar os sobreviventes. O ensino superior é uma realidade cada vez mais restrita, e fazendeiros é a mão de obra mais valiosa – afinal, são eles que seguem plantando e gerando o alimento cada vez mais valioso. Essa é a atividade profissional de Cooper (Matthew McConaughey, apenas uma atuação formal), um ex-piloto que abraçou a vida no campo após ter ficado viúvo, preocupado com o futuro dos dois filhos.

Christopher Nolan declarou em mais de uma ocasião que sempre sonhou fazer um filme no espaço. Após reverter a ordem das narrativas cronológicas e convencionais em “Amnésia”, 2000, revelar os segredos dos mágicos/ilusionistas em “O Grande Truque”, 2006, invadir o mundo onírico humano em “A Origem”, 2010, e, apresentar o herói pós-moderno da trilogia “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, ele finalmente conseguiu realizar este antigo desejo, em Interestelar.

Nolan conseguiu desenvolver uma trama a respeito da busca de um sentido para a nossa presença no universo, ao mesmo tempo em que realizou um trabalho tipicamente seu, com todo o esmero técnico já esperado, mas também dotado de uma profundidade filosófica (e esta é o maior mérito do filme – o sentido da vida humana no planeta Terra).  Ainda que a inspiração óbvia seja “2001: Uma Odisseia no Espaço”, 1968, de Stanley Kubrick, o hermetismo deste passa longe, uma vez que essa nova jornada é menos truncada e mais acessível.

Com a quantidade de pragas agrícolas se espalhando cada vez com mais força, primeiro foi o trigo, agora é o quiabo, logo será o milho, e, a poeira que resulta de incêndios e da aridez pela escassez de água tomando conta de todo o mundo, são poucos os que seguem acreditando num mundo melhor. Cooper acredita e tem fé. Até -, que de uma maneira que não vou revelar para não estragar a surpresa -, é convocado pelo que restou da NASA, para uma missão ao espaço em busca de planetas habitáveis para serem povoados pelo que resta da humanidade.

Apesar de tanta reflexão científica, a maior reflexão é a filosófica que Nolan busca: o Amor, os elos afetivos, carinho, solidariedade, relações interpessoais e sociais. Não basta queremos ir à lua, a Marte, às mais variadas galáxias, se o problema está aqui mesmo na Terra: somos nós; os homens inimigos do próprio homem, para repetir parafraseando, imaginem!, um título do CD da banda punk paulista, Ratos de Porão, de 2006. Outro que já falava sobre isso era o eterno guru, Raul Seixas: pra quê ir à lua, se não há galinha em meu quintal, parafraseio aqui também sua canção. O sociólogo mais atuante no século XXI, nesses estudos mostra que nossa modernidade é líquida e fluida. Nossos sentimentos, como amor, amizade, elos pessoais são frágeis, líquidos e fluidos, efêmeros e transitórios. Como, em 2013, Spike Jonze mostrou no filme que dirigiu e roteirizou, “Ela”, que concorreu em algumas categorias ao Oscar 2014, incluindo na de melhor filme, mas perdeu para o apenas mediano “12 anos de escravidão”. (Conferir a crítica do filme “Ela”, neste blog, em post datado de 20 de novembro de 2014). Inclusive, o diretor de fotografia Hoyte Van Hoytema (o mesmo do filme de Jonze) faz um trabalho espetacular e grandioso em Interestelar.

Uma questão interessantíssima de se notar em Interestelar é a questão sonora primorosa, desde a grandiosa trilha sonora composta por Hans Zimmer, até o trabalho da equipe de som comandada por Richard King (que ganhou o Oscar por outro filme de Nolan, “A Origem”). O filme é recheado de silêncios e ruídos, que permitem a reflexão e a contemplação do espectador.

Amparado por um elenco de grandes talentos, mas que são sobrepujados pela epicidade e tecnicidade do filme – McConaughey está mais contido e no domínio pleno de suas capacidades (mas não é aquele de “O Lobo de Wall Street”, nem de “Killer Joe” e nem chega perto da sua atuação em “Clube de Compras Dallas”), mesmo assim chama todas as atenções para si, ele é o protagonista destemido e heroico, mas permitindo que Jessica Chastain, ainda que com tempo limitado em cena, consiga se destacar, dentro de um elenco que tem ainda nomes de grandes atores como Anne Hathaway, Michael Caine e John Lithgow. Destaco também a excelente atuação da atriz mirim Mackenzie Foy (Murphy Cooper).

“Qual nosso lugar, para onde vamos, de onde viemos?” (Perguntas do Crítico do site www.papodecinema.com.br, Robledo Milani, feitas em sua crítica para aquele site, datada de 04 de novembro de 2014. Link: http://www.papodecinema.com.br/filmes/interestelar, último acesso 11 de fevereiro de 2015, às 06h23. Completo:  Qual a finalidade de nossas existências?”
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·       
             PREMIAÇÕES:

·         Top 11 filmes do American Film Institute:

"O Abutre"
"Boyhood"
"Caminhos da Floresta"
"Foxcatcher"
"Birdman"
"Invencível"
"O Jogo da Imitação"
"Interestelar"
"Selma"
"Sniper Americano"
"Whiplash"

·         INDICADOS – BAFTA (OSCAR BRITÂNICO) – 2015:

-          MELHOR TRILHA SONORA:  

INTERESTELAR, Hans Zimmer.

-          MELHOR FOTOGRAFIA:

INTERESTELAR, Hoyte van Hoytema.

-          MELHOR DIREÇÃO DE ARTE:

INTERESTELAR, Nathan Crowley, Gary Fettis.

-          MELHORES EFEITOS VISUAIS:

INTERESTELAR, Paul Franklin, Scott Fisher, Andrew Lockley.


·         INDICADOS – GLOBO DE OURO - 2015:

*MELHOR TRILHA SONORA:

-          Interestelar, por Hans Zimmer.


·         INDICADO – SINDICATO DOS DIRETORES DE ARTE DOS EUA – 2015:

* FILME DE FANTASIA:

-     INTERESTELAR, (Nathan Crowley).

·         INDICADO - SINDICATO DOS FIGURINISTAS DOS EUA – 2015:

* FILME CONTEMPORÂNEO:

      -     INTERESTELAR, (Mary Zophres).

·         INDICADOS – SINDICATO DOS MAQUIADORES E PENTEADORES DOS EUA – 2015:

*FILME CONTEMPORÂNEO:
               
-          Make-Up Artists: Luisa Abel and Jay Wejebe, INTERESTELAR.
-          Hair Stylists: Patricia Dehaney and Jose L. Zamora, INTERESTELAR.


·         INDICADOS – OSCAR – 2015:

-          MELHOR DIREÇÃO DE ARTE;
-          MELHOR EDIÇÃO DE SOM;
-          MELHOR MIXAGEM DE SOM;
-          MELHORES EFEITOS VISUAIS;
-          MELHOR TRILHA SONORA;

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“Pena a não indicação para melhor fotografia. Porém, Interestelar é favorito em melhor trilha sonora, edição de som e mixagem de som. E talvez ganhe o de efeitos visuais, mais à frente do que os outros indicados; diferente é na disputa por direção de arte, onde o páreo é muitíssimo duro.”

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“Próxima crítica, ainda hoje: Guardiões da Galáxia.
         E depois uma série sobre: Ida, Leviatã e Relatos Selvagens.”
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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O ABUTRE, GAROTA EXEMPLAR E INTERESTELAR: (TRÊS FILMES ESTADUNIDENSES TÃO DÍSPARES ENTRE SI, MAS QUE SÃO OBRAS COM ASPECTOS POSITIVOS MAIS DO QUE ASPECTOS NEGATIVOS – PARTE II):

 O ABUTRE, GAROTA EXEMPLAR E INTERESTELAR:

(TRÊS FILMES ESTADUNIDENSES TÃO DÍSPARES ENTRE SI, MAS QUE SÃO OBRAS COM ASPECTOS POSITIVOS MAIS DO QUE ASPECTOS NEGATIVOS – PARTE II):

(CRÍTICAS POR RAFAEL VESPASIANO).


2.      O Abutre (EUA/DAN GILROY/2014):

                                                                 Texto dedicado à:
                                                                        Nathaly Cavalcante e,
                                                         David Frota.

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"A segunda parte da nossa análise sobre os filmes indicados ao Oscar de 2015 trata do thriller de suspense dramático, O Abutre, dirigido pelo estreante na função Dan Gilroy, mas que surpreende positivamente o mundo anestésico dos filmes típicos de Hollywood: sempre mais do mesmo. O roteiro também de Dan Gilroy surpreende também por sua ousadia, realismo e atualidade. Sua crítica ácida ao telejornalismo, sensacionalista, feito no mundo do século XXI, a violência exagerada é apenas reflexo de alguns programas televisivos que exploram a mesma como carro-chefe de suas reportagens (Brasil?). O jornalismo acadêmico!? -, é posto, pelo roteiro, em xeque e em debate. Essa a novidade do roteiro de Gilroy, indicado ao Oscar de Melhor roteiro original.

Talvez um excesso de duração do filme, que parece repetitivo, como observou o crítico David Frota, prolongando o desfecho do filme, mostre um problema na edição de O Abutre. Mas, nada que prejudique o andamento e crítica ácida do mesmo. O David Frota vai ao encontro da crítica do colunista Marcelo Janot: “É apenas um bom filme, envolvente, que trata de um tema bastante atual: a falta de ética no jornalismo sensacionalista, o vale tudo pela audiência televisiva. Levanta a bola para se discutir um assunto que já mereceu uma obra-prima como “A Montanha dos Sete Abutres”, de Billy Wilder (...)”. Janot aprofunda sua análise: “O que diferencia “O Abutre” é que o sujeito inescrupuloso que o protagoniza é um sociopata, fazendo com que o filme insira o drama realista, de denúncia social, dentro do formato típico de um thriller policial hollywoodiano. Dan Gilroy, estreando na direção aos 55 anos, consegue evitar alguns clichês, mas não escapa de alguns vícios de roteirista, sua profissão de origem. O mais grave deles é o de mastigar tudo para o espectador, o que ele faz desde a cena inicial, quando desnecessariamente deixa clara a índole violenta do personagem principal.”.

Por essa minha leitura das críticas de Frota e Janot, lembrei-me de dois filmes, o primeiro, já citado, que critica o jornalismo sensacionalista e como mero vendedor de jornais, ou quem consegue mais “furos” de reportagens ou mais audiência, estou falando do clássico, A montanha dos sete abutres, também feito nos EUA, em 1951, dirigido pelo gênio Billy Wilder e protagonizado por Kirk Douglas. Lembrou-me também o recente e bom filme argentino (mais um!), Abutres, de Pablo Trapero, lançado em 2010, protagonizado pelo astro latino-americano Ricardo Darín, que não trata do sensacionalismo jornalístico, mas das más intenções e falta de ética de certos advogados que se aproveita de acidentes de trânsito, para junto às seguradoras para as quais trabalham se aproveitarem financeiramente das vítimas de tais acidentes. Os três filmes, enfim, debatem o século XXI e sua falta de ética, solidariedade e individualismo exacerbado.

Por isso, a importância do filme estadunidense, de 2014, O Abutre, sua singularidade, novidade e originalidade. Que não mostra um jornalista acadêmico, como o de Douglas, no filme de 1951, mas de uma sinistra personagem, antissociável e sombria, personificada magistralmente por Jake Gyllenhaal, numa interpretação primorosa, que merece todos os elogios que recebeu, e, premiações e indicações recebidas em festivais, associações de críticos de cinema dos EUA, dos principais sindicatos de Hollywood, a indicação de melhor ator dramático no Globo de Ouro de 2015, mas o ator não foi indicado ao Oscar. Uma pena merecia! (não vi os filmes dos outros quatro indicados, então, é difícil comparar, mas Jake nos entrega seu melhor desempenho no cinema em toda sua carreira, o ator de 34 anos de idade, portanto muita coisa pela frente).

Rene Russo e Riz Ahmed são excelentes coadjuvantes do filme, em especial o segundo que nos mostra um frágil colega de trabalho de Jake nas ruas coletando imagens violentas para vender aos telejornais sensacionalistas, os quais têm como elo à personagem de Jake Gyllenhall, na compra das fitas com as imagens para alimentar os jornais televisivos, a figura da produtora de TV vivida pela veterana atriz Rene Russo, que nos entrega uma personagem fria, sórdida e ambiciosa. Quanto à Riz Ahmed recebeu indicação de melhor ator coadjuvante no Independent Spirit Awards 2015, o Oscar do cinema independente estadunidense. Inclusive, nesta premiação além dessa indicação o diretor Dan Gilroy foi indicado aos prêmios de melhor roteiro e melhor primeiro filme, e, Jake Gyllenhaal foi indicado como melhor ator. E, por fim, John Gilroy foi indicado também como melhor editor, por seu trabalho em O Abutre.

A partir daqui, resgato e transcrevo uma reportagem da revista CartaCapital, intitulada “Jornalismo mundo-cão é o alvo de Jake Gyllenhaal: Ao interpretar repórter policial em 'O Abutre', ator reflete sobre o papel da mídia e da informação.”. De Eduardo Graça, publicada em 17 de dezembro de 2014, modificada pela última vez em 17 de dezembro de 2014, às 19h02. Acesso: 
Último acesso: 05/02/2015, às 15h39:

O burburinho em torno de O Abutre começou em setembro, no Festival de Cinema de Toronto, no Canadá: o filme de estreia do diretor Dan Gillroy (roteirista de títulos como Gigantes de Aço e O Legado Bourne e irmão do diretor Tony Gillroy, indicado ao Oscar por Conduta de Risco), era o melhor trabalho já feito por Jake Gyllenhaal.
O ator de 34 anos, famoso pelos olhos azuis, indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante em 2006 pelo sofrido Jack Twist de O Segredo de Brokeback Mountain, apaixonou-se de tal maneira pela história de Louis Bloom que decidiu produzir o thriller. O longa, que estreia este mês nos cinemas brasileiros, foi eleito um dos dez melhores filmes do ano pela centenária National Board of Review por traçar um raio-x do telejornalismo mundo-cão americano.
Gyllenhaal vive Louis Bloom, uma figura sinistra, surgida do nada, dona de uma ambição sem tamanho, nenhum pendor ético e um desconhecimento absoluto do jornalismo acadêmico. Assim, ele se torna uma estrela da mídia televisiva de Los Angeles. “O filme é sombrio. Los Angeles, onde nasci e sempre vivi, é essencialmente horizontal. A topografia local e o fato de fazer sol praticamente o tempo todo imprime em seu cenário uma perversidade singular. Aqui, você pode ver tudo o que acontece, embora muitas vezes de dentro de um carro. Só é preciso ter a coragem de abrir a janela para observar o lado selvagem da segunda maior metrópole americana”, disse o ator a CartaCapital em um hotel do SoHo, em Manhattan.
Lúcido, Gyllenhaal diz que vê O Abutre como uma oportunidade para discutir, de forma intensa e hipnotizante, um tema criminosamente deixado de lado pelas sociedades civis do mundo ocidental: a transformação da indústria da informação nos últimos anos e o fim do que ele chama de “hierarquização da notícia”: “Eu sair na rua e comprar um café na esquina não pode ter o mesmo destaque, nem sequer aparecer na mesma página de um jornal ou no mesmo segmento de um telejornal que o discurso anual do presidente dos EUA. Não pode! Quando esta distinção se dissipa, o que fica é o caos. E isso é muito perigoso”.
Gyllenhaal, que havia perdido 11 kg para viver Bloom, chega para a conversa com braços imensos, explodindo na camisa de malha, resultado do treinamento intenso na famosa academia de boxe Church, em Nova York, por conta das filmagens de Southpaw (ainda sem título em português), o novo filme de Antoine Fuqua, em que vive o boxeador Billy Hope, um campeão nos ringues cuja vida pessoal devastada por uma série de tragédias.


Enfim, um excelente filme que merece ser (re)-visto por todos, em especial pelos estudantes do jornalismo acadêmico em todo o mundo."


PREMIAÇÕES:
·         
      Associação de Críticos de Cinema Online de New York:
- Melhor diretor estreante: Dan Gilroy.

·         Associação de Críticos de Cinema de Boston:
- Melhor diretor revelação: Dan Gilroy.

·         Top 11 (onze) filmes do American Film Institute:

"O Abutre"
"Boyhood"
"Caminhos da Floresta"
"Foxcatcher"
"Homem-Pássaro"
"Invencível"
"O Jogo da Imitação"
"Interestelar"
"Selma"
"Sniper Americano"
"Whiplash"
·         Sindicato dos Editores dos EUA – 2015:
- Indicação: John Gilroy, por O Abutre.

·         Sindicato dos Produtores dos EUA – Indicados – 2015:
- filme:

O Abutre
Birdman
Boyhood
Foxcatcher
Garota Exemplar
O Grande Hotel Budapeste
O Jogo da Imitação
Sniper Americano
A Teoria de Tudo
Whiplash

·         Indicados BAFTA (Oscar do cinema britânico) – 2015:

- Melhor roteiro original: Dan Gilroy;
- Melhor Ator: Jake Gyllenhaal;
- Melhor Atriz coadjuvante: Rene Russo;
- Melhor Edição: John Gilroy.

·         Indicado no Sindicato dos Roteiristas dos EUA – 2015:
- Dan Gilroy, por O Abutre. Melhor roteiro original.

·         Indicado no Sindicato dos Atores dos EUA – 2015:
-    - Jake Gyllenhaal, melhor ator principal.